terça-feira, 28 de julho de 2009

Linda menina..

Voe o mais alto que puder
Acredite você pode ir ainda mais alto
Feche os olhos, imagine-se
Nunca olhe para baixo
De a mão ao céu
Alcance o universo, almeje o infinito
Transpasse as barreiras da realidade
e siga seu coração.

Afinidade



A afinidade não é o mais brilhante, mas o mais sutil,delicado e penetrante dos sentimentos. O mais independente. Não importa o tempo, a ausência, os adiamentos,as distâncias, as impossibilidades.Quando há afinidade, qualquer reencontro retoma a relação,o diálogo, a conversa, o afeto, no exato ponto em que foi interrompido.Afinidade é não haver tempo mediando a vida. É uma vitória do adivinhado sobre o real.Do subjetivo sobre o objetivo.Do permanente sobre o passageiro.Do básico sobre o superficial.Ter afinidade é muito raro. Mas quando existe não precisa de códigos verbais para se manifestar.Existia antes do conhecimento, irradia durante e permanece depoisque as pessoas deixaram de estar juntas.O que você tem dificuldade de expressar a um não afim, sai simplese claro diante de alguém com quem você tem afinidade. Afinidade é ficar longe pensando parecido a respeito dos mesmosfatos que impressionam, comovem ou mobilizam.É ficar conversando sem trocar palavra.É receber o que vem do outro com aceitação anterior ao entendimento. Afinidade é sentir com.Nem sentir contra, nem sentir para, nem sentir por, nem sentir pelo.Quanta gente ama loucamente, mas sente contra o ser amado.Quantos amam e sentem para o ser amado, não para eles próprios. Sentir com é não ter necessidade de explicar o que está sentindo.É olhar e perceber.É mais calar do que falar.Ou quando é falar, jamais explicar, apenas afirmar. Afinidade é jamais sentir por.Quem sente por, confunde afinidade com masoquismo.Mas quem sente com, avalia sem se contaminar.Compreende sem ocupar o lugar do outro.Aceita para poder questionar.Quem não tem afinidade, questiona por não aceitar. Só entra em relação rica e saudável com o outro,quem aceita para poder questionar.Não sei se sou claro: quem aceita para poder questionar,não nega ao outro a possibilidade de ser o que é, como é, da maneira que é.E, aceitando-o, aí sim, pode questionar, até duramente, se for o caso.Isso é afinidade.Mas o habitual é vermos alguém questionar porque não aceitao outro como ele é. Por isso, aliás, questiona.Questionamento de afins, eis a (in)fluência.Questionamento de não afins, eis a guerra. A afinidade não precisa do amor. Pode existir com ou sem ele.Independente dele. A quilômetros de distância.Na maneira de falar, de escrever, de andar, de respirar.Há afinidade por pessoas a quem apenas vemos passar,por vizinhos com quem nunca falamos e de quem nada sabemos.Há afinidade com pessoas de outros continentes a quem nunca vemos,veremos ou falaremos. Quem pode afirmar que, durante o sono, fluidos nossos não saempara buscar sintomas com pessoas distantes,com amigos a quem não vemos, com amores latentes,com irmãos do não vivido? A afinidade é singular, discreta e independente,porque não precisa do tempo para existir.Vinte anos sem ver aquela pessoa com quem se estabeleceuo vínculo da afinidade!No dia em que a vir de novo, você vai prosseguir a relaçãoexatamente do ponto em que parou.Afinidade é a adivinhação de essências não conhecidasnem pelas pessoas que as tem. Por prescindir do tempo e ser a ele superior,a afinidade vence a morte, porque cada um de nós traz afinidadesancestrais com a experiência da espécie no inconsciente.Ela se prolonga nas células dos que nascem de nós,para encontrar sintonias futuras nas quais estaremos presentes. Sensível é a afinidade.É exigente, apenas de que as pessoas evoluam parecido.Que a erosão, amadurecimento ou aperfeiçoamento sejam do mesmo grau,porque o que define a afinidade é a sua existência também depois. Aquele ou aquela de quem você foi tão amigo ou amado, e anos depoisencontra com saudade ou alegria, mas percebe que não vai conseguirrestituir o clima afetivo de antes,é alguém com quem a afinidade foi temporária.E afinidade real não é temporária. É supratemporal.Nada mais doloroso que contemplar afinidade morta,ou a ilusão de que as vivências daquela época eram afinidade.A pessoa mudou, transformou-se por outros meios.A vida passou por ela e fez tempestades, chuvas,plantios de resultado diverso. Afinidade é ter perdas semelhantes e iguais esperanças,é conversar no silêncio, tanto das possibilidades exercidas,quantos das impossibilidades vividas. Afinidade é retomar a relação do ponto em que parou,sem lamentar o tempo da separação.Porque tempo e separação nunca existiram.Foram apenas a oportunidade dada (tirada) pela vida,para que a maturação comum pudesse se dar.E para que cada pessoa pudesse e possa ser, cada vez mais,a expressão do outro sob a forma ampliada erefletida do eu individual aprimorado.

quisera me transformar em vento..



Neste momento, penso em você e então quisera me transformar em vento.
E se assim fosse, chegaria agora como brisa fresca e tocaria leve sua janela.
E se você me escuta e me permite entrar, em você vou me enroscar quase sem o tocar.
Vou roçar nos seus cabelos, soprar mansinho no ouvido, beijar sua boca macia, o embalar no meu carinho
Mas eu não sou vento...
Agora sou só pensamento e estou pensando em você.
E se abrir sua janela, eu estou chegando aí, agora... neste momento, em pensamento... no vento.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Amor é enigma?




Optar é renunciar. Entregar-se, por exemplo, a um amor é abandonar outros. E, do que se renuncia e abandona, pode provir, depois arrependimento. Afastar-se de um amor, ainda que, opção feita por lúcidas razões, pode gerar, adiante, a frustração pelo que se deixou de viver. Os casos de amor vivem rondados por frustração ou arrependimento. Não o amor, que é íntegro, irrefutável, cristalino e indubitável: mas os amantes seus portadores. Quase sempre o tamanho do amor é maior que o dos amantes. O que cerca as pessoas que se amam é sempre uma teia de limitações que o leva à disjuntiva: frustração ou arrependimento. Ou quem ama se entrega ao sentimento e se atira nos braços do outro para, depois, se arrepender do que abandonou para entregar-se ao amor, ou se afasta, cheio de lucidez, para, adiante, sentir frustração pelo que deixou de viver. Estes estão na categoria assim definida de modo cruel mas lúcido por Goethe: "no amor, ganha quem foge...Ou como disse o grande Orizon Carneiro Muniz: "no amor, é mais forte quem cede". Na juventude tudo isso fica confuso porque esta é uma etapa da vida envolta em uma névoa amorosa que a torna radical na busca da felicidade. O jovem ainda não se defrontou com as terríveis e dilacerantes divisões internas de que é feita a tarefa de viver e amar, aceitando as próprias limitações, confusões, os caminhos paralelos e contraditórios das escolhas, dentro de um todo que, para se harmonizar, precisa viver as divisões, os sofrimentos e os açoites das mentiras e enganos que conduzem as nossas verdades mais profundas. Séculos de repressão do corpo e de identificação do prazer com o pecado ou o proibido fizeram uma espécie de cárie na alma. É um buraco, um vazio, uma impossibilidade viver o que se quer, uma certeza antecipada de que o amor verdadeiro gera ou arrependimento ou frustração. Viver implica, pois, aceitar essa dolorosa e desafiante tarefa: a de enfrentar o amor como a maior das maravilhas e que se nos apresenta sob a forma de enigma. Tudo o que se move dentro do amor está carregado de enigmas. E com o enigma dá-se o seguinte: enfrentá-lo não é resolvê-lo. Mas quando não se o enfrenta, ele (enigma) nos devora. Enfrentar o enigma mesmo sem o deslindar, é aquecer e encantar a vida, é aprender a viver; é amadurecer. Exige trabalho interior penoso, grandeza, equilíbrio e auto-conhecimento. O contrário não é viver: é durar.

Arthur da Tavola

domingo, 26 de julho de 2009



Droga viciante
Endorfinas, ópio
adversária do ódio
amiga do delírio
encanta, é colírio
nos faz viajantes

Droga de amor
que traz-nos a dor
sofrimento
e com o tempo
nos tira o ardor

Quando não é trocado.
Em se cada ser
ser de cada amado
n'alma não irá doer
na simbiose será criado.

O amor que nos aviva!
Que a parceira altiva
com tanto prazer
a arte de ter
um ser que conviva
e sobreviva
quando a este
se render.

Renda-se ao amor!
Não pense!
Nem se defense!
Não negue!
Apenas, por favor...
...se entregue!

autor: Ft